Quando iniciei a faculdade de ciências sociais, vivia uma vida de muita desconexão com meu corpo e excesso de atividade intelectual. Sentia dores nas costas e dor de cabeça de forma crônica. Então, decidi cuidar de mim e buscar uma nova forma de sentir e habitar o meu corpo.
Nessa época, eu me perguntava: “De que adianta tanta ideologia se eu não conseguia vivenciar na prática uma vida com mais sentido e liberdade? Então, comecei a praticar yoga por uma busca de mudança de estilo de vida, para saúde física e emocional.
No início tive bastante dificuldade, pois meu corpo era bem rígido. Com o tempo, percebi que havia descoberto uma nova forma de existir e viver, com mais flexibilidade e liberdade interior.
O resultado foi que voltei a habitar o meu corpo e ter uma vida muito mais equilibrada e saudável.
Minha primeira grande descoberta, ao começar a praticar e estudar yoga, foi que a mudança não estava ao meu redor mas a partir de mim mesma. Comecei a prestar mais atenção aos chamados e à minha intuição, para fazer minhas escolhas.
Foi quando me permiti viver várias aventuras….e por onde passava ensinava yoga para as mulheres.
Tive a oportunidade de vivenciar, por alguns meses, a cultura indígena Krahô, uma tribo no Tocantins. Representou pra mim uma conexão profunda com o natural e selvagem e também a oportunidade para fazer minha tese sobre Etnografia Indígena Feminina. Foi uma desconstrução da perspectiva do feminismo ocidental. Me surpreendi ao ver que aquelas mulheres estavam habitando os corpos delas de uma forma diferente! Elas formavam um circuito energético próprio na aldeia. Existia um equilíbrio na sociedade com papéis definidos mas, para minha surpresa, isso não implicava desigualdade.
Ao retornar da tribo, é como se uma liberdade interior, que eu havia acessado a partir da yoga, precisasse de mais espaço, ou seja, de um movimento de expansão geográfica e cultural. Brotava de dentro de mim, uma só pergunta: “Será que existe outro tipo de Ser Mulher por aí? ” Eu não podia perder a chance de descobrir isso….Então segui viagem….
Conheci os Rainbows no Brasil e logo depois os seguia pela Europa. Eram encontros internacionais de viajantes baseados na profecia dos índios Hopis, cujo objetivo era se conectar profundamente com a natureza, vida comunitária e compartilhada. Me inspirava a partir de outras mulheres e bebia dessa diversidade cultural feminina. Descobri que era possível viver viajando, sem apegos materiais ou estrutura, encontrei a liberdade que buscava.
Nesta época, eu praticava muitas meditações e sentia a yoga como transcendência. Buscava a expressão do espírito ao máximo, desviando meu foco da conexão focada no corpo, que cultivava anteriormente. Passei por uma jornada de solitude, na qual construi uma base e estrutura interna abundantes. Fortaleci minha espiritualidade, coragem, confiança na vida, centramento e autonomia. Eu por mim mesma.
Depois de anos viajando no Brasil e na Europa, voltei de carona num veleiro, cruzando o oceano Atlântico, para chegar casa! Foi o vento que me trouxe de volta….
Comecei o momento de semear e aterrar…..Fiz meus cursos de formação de yoga.
Tinha a clareza de que era hora de buscar mentores para seguir na minha formação como professora de yoga. Ingressei nos 2 cursos de formação: do Marcos Rojo (Hatha yoga – tradicional) e Marcos Shultz (hatha yoga – mantras/meditação/auto-conhecimento). Então, comecei a dar aulas de yoga em São Paulo.
Outra parte de mim, a buscadora, sempre foi apaixonada pelos oráculos e a busca de respostas profundas sobre a vida e isso me levou a Piracanga, uma eco vila na Bahia especializada em Leitura de Aura. Assim iniciei meus estudos e práticas como leitora de aura, uma experiência que foi um divisor de águas no meu entendimento sobre a missão individual de cada ser humano.
Vivi lá por 6 meses e pude ampliar muito a minha sensibilidade, e me despir do ego. Foi um processo duro e profundo de limpeza. Percebi que eu não era melhor do que ninguém, por ter vivenciado e por acreditar em novas formas de estar no mundo. Desconstruí estereótipos e a negação de aspectos da sociedade de consumo e do capitalismo.
Aprendi com a leitura de aura, a neutralidade de reconhecer que cada um tem um campo de energia próprio e sagrado e está onde precisa estar, no contexto ideal para seu autodesenvolvimento.
E atualmente, depois de quase 10 anos como leitora de aura criei um escola de leitura de aura “Flor de Luz”(on-line e presencial) com sede aqui no México onde vivo atualmente, com o objetivo de compartilhar dessa sabedoria e de que mais e mais pessoas possam ser beneficiadas por essa maravilhosa ferramamenta de auto-conhecimento.
A medida que eu consegui sair do ego, pude acessar um espaço para entrega e sentir que era chegado o momento de usar minha sabedoria para estar apta e a serviço de outras mulheres, mais do que defender causas ou levantar bandeiras.
Continuei viajando, mas nesse período decidi desbravar a América Latina e passei por quase todos os países. Me conectei fortemente com a cultura dos povos originários, através do Caminho Vermelho, caminho espiritual que envolve práticas e relação com o mundo, uma forma de viver inspirada na cosmologia dos índios nativos da América do Norte, ou o chamado “o caminho do coração”.
Foi momento de me restabelecer e fortalecer emocional e fisicamente. Nessa fase mergulhei na Ashtanga yoga, que representou estruturação e empoderamento na minha vida. Pude reabilitar novamente meu foco e propósito. Nesta fase, vivenciei o despertar do sagrado feminino em mim. Pude reestabelecer o que é ser mulher, plantar minha lua, manifestar meu propósito de vida e abundância e sentir o movimento de abertura para o amor.
Foi aí que nasceu a Chandra Yoga, já que foi a primera vez que compartilhei uma vivência de Yoga conectada com as fases da lua. Voltei a dar aulas regulares de yoga, integrando a fortaleza da Ashtanga e a sabedoria os outros estilos de yoga e os ensinamentos do sagrado feminino. Foram essas as bases para criação do meu método próprio de Yoga.
Foi então, em 2015, no Panamá e México, que me empoderei da Flora Mulher Criadora. Construi a partir de toda a minha “bagagem de vida” e também, intuitivamente, esse método. A Chandra Yoga começou a nascer para que as mulheres pudessem vivenciar, através da Yoga, cada uma das suas 4 fases da lua/ciclo menstrual feminino. Batizei-o de Chandra Yoga, já que Chandra em sânscrito significa “Lua”.
E segui estudando Yoga. Fiz outras certificações como: Yin Yoga, Yoga Pré-natal e Vinyasa Yoga, 200h da Yoga Alliance, a certificação de professores de Yoga mais reconhecida no mundo atualmente.
Em 2018 tive a felicidade de realizar meu sonho ir à India, o que me possibilitou vivenciar a yoga a todo tempo, de muitas formas, viver a rotina do cotidiano sagrado e romper com romantismos e utopias. Completei minhas 500h de professora autorizada pela Yoga Alliance, estudei no Instituto K Pattabhi Jois Ashtanga Yoga Institute com Saraswathi Jois, viajei e percorri por templos e lugares sagrados realizando um mergulho profundo na sabedoria original da Yoga.
Moro atualmente no México, onde em 2019, comecei a propagar a Chandra Yoga. Sigo aprendendo com o Caminho vermelho, através de dança da lua, temazcais, busca de visão, e outros ensinamentos e práticas, que têm, assim como a yoga, a base na sacralidade da vida. Além de ser professora de Yoga e leitora de aura, também facilito retiros, vivências, espaços sagrados de sabedoria feminina e rituais para mulheres.
Olhando pra trás, vejo que tudo faz sentido….e me conduziu ao meu maior propósito que é estar a serviço das mulheres, para levar recursos, como a yoga dentre outras ferramentas, que conectam e resgatam o auto-respeito e a força feminina, muitas vezes adormecida e soterrada, esquecida ou canalizada para outras coisas no cotidiano da vida real.
Ao ensinar yoga para centenas de mulheres ao redor do mundo, pude desenvolver uma maneira autêntica de conduzí-las para trazerem sentido às suas práticas, com muita entrega, acolhimento e cura. Meu método de ensino se baseia no simples que é profundo, adaptado à realidade e ao dia a dia das mulheres modernas, para que sejam momentos prazerosos e nutritivos.